Após pedido de impeachment de Moraes, Alcolumbre decide não pautar sabatina de Mendonça

Bruce Petersons
Bruce Petersons

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de apresentar um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), causou uma consequência direta: o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu não pautar a sabatina de André Mendonça, indicado para a vaga do ministro Marco Aurélio Mello na Corte. O ex-presidente da Casa considerou a atitude do mandatário do país como “lamentável”, segundo relato de três parlamentares ouvidos reservadamente pela reportagem.

Como a Jovem Pan mostrou, Alcolumbre sempre foi um dos principais focos de resistência à indicação de Mendonça ao STF. Em razão disso, articuladores políticos do Palácio do Planalto entraram em cena, nas últimas semanas, para distensionar a relação e tentar pavimentar a ida do ex-advogado-geral da União à Suprema Corte. Depois de um jantar que ocorreu na casa do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que contou com a participação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o senador do DEM sinalizou que se encontraria com o nome “terrivelmente evangélico” escolhido por Bolsonaro “em breve”.

Agora, a articulação voltou à estaca zero. Na avaliação de uma liderança da Casa, Bolsonaro “queimou pontes” e jogou contra a sua própria equipe. Nos últimos dias, integrantes do governo vinham tentando dialogar com o comandante do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e com o presidente do STF, ministro Luiz Fux. Para os parlamentares, o chefe do Executivo federal optou por insuflar sua militância nas redes sociais, em detrimento de recuar e atenuar a crise entre os três Poderes, uma vez que o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes deve ficar esquecido nas gavetas de Pacheco.

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