Barroso evita rebater novos ataques de Bolsonaro: ‘Meu universo vai além do cercadinho’

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, considera que o populismo, extremismo e autoritarismo desconstroem a democracia. “Em alguns países se criou também, alguns países do mundo, o que eu chamaria de ‘mentirocracia’, que é a difusão da inverdade e das narrativas falsas como um método de governo e uma estratégia de manipulação das massas. Nessa estratégia autoritária, criam-se milícias de fanáticos ou de mercenários que vivem de disseminar o ódio, a desinformação e teorias conspiratória com objetivo de enfraquecer as instituições “, afirmou o ministro nesta sexta-feira, 6, garantindo que não irá responder aos ataques do presidente Jair Bolsonaro. “Gosto de repetir: sou um ator institucional, não sou um ator político. Não cultivo polêmicas pessoais. A conquista e a preservação da democracia foram as grandes causas da minha geração, é a isso que dedico a minha vida pública. Por isso, não paro para bater boca, não me distraio com miudezas. O meu universo vai bem além do cercadinho.”

Luís Roberto Barroso também condenou a proposta do voto impresso. “Nós teríamos que transportar esses votos em um país que ainda se rouba cargas e em muitos lugares se tem milícia, Comando Vermelho. Depois de transportar teríamos que armazenar esse voto. O histórico brasileiro de voto de papel é o histórico em que as urnas desapareciam ou eram engravidadas, então tem que armazenar. É voltar ao tempo das velhas mesas apuradoras onde voto aparecia, voto desaparecia. Tinha fiscal que comia voto. Portanto, você cria um sistema de auditoria que cria insegurança”, completou. O presidente do TSE, assim como os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, participou do encontro: “Democracia e Governabilidade: uma nova discussão sobre o futuro do país”, promovido pelo Comunitas, RenovaBR e Insper. Na ocasião, Moraes disse considerar muito grave a postura de ataque do presidente Jair Bolsonaro e afirmo que analisa a inclusão do mandatário no inquérito das fake news.

“Foram mais graves do que a representação que gerou a abertura da investigação do inquérito das fake news. Não é verdade, as anteriores não só ofendiam os ministros como imputavam crimes aos ministros e, em tese, fizeram parte de uma divulgação das milícias digitais, com financiamento sob investigação pública. A representação do TSE que foi feita por unanimidade na segunda-feira e a abertura da investigação determinada tem uma gravidade não só pessoal como institucional”, afirmou. Por sua vez, o ministro Gilmar Mendes descartou a existência de um clima para golpe e disse que a democracia está solidificada. “As instituições têm funcionado, têm dado respostas adequadas. As próprias Armadas compreendem o seu papel institucional, de modo que entendo que a democracia no Brasil, apesar das tensões e do quadro que narrou o ministro Barroso, nós temos vivido uma prática democrática.”

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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