Barroso se pronuncia sobre protestos e diz que ‘democracia só não tem lugar para quem pretende destruí-la’

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal FederalLuís Roberto Barroso, se manifestou nesta quinta-feira, 9, sobre as falas do presidente Jair Bolsonaro durante os atos de 7 de setembro. Na ocasião, o chefe do Executivo fez ataques ao sistema eleitoral brasileiro e a Barroso. “A alma da democracia é o voto, e não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece nenhuma segurança. Não é uma pessoa do TSE que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”, disse Bolsonaro, que acrescentou: “Nós queremos uma eleição limpa, democrática, com voto auditável e com contagem pública dos votos. Não podemos ter eleições que pairem dúvidas sobre os eleitores. Não posso participar de uma farsa como essa, patrocinada pelo presidente do TSE.” Em defesa do TSE, o presidente do tribunal rebateu as declarações de Bolsonaro, as quais chamou de “inverídicas” e de “retórica de palanque”.

“A mim, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, cabe apenas rebater o que se disse de inverídico em relação à Justiça Eleitoral. Faço isso em nome dos milhares de juízes e servidores que servem ao Brasil com patriotismo, não o da retórica de palanque, mas o do trabalho duro e dedicado e que não devem ficar indefesos diante da linguagem abusiva e da mentira”, iniciou. “Já começa a ficar cansativo no Brasil ter que repetidamente desmentir falsidades para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade. É muito triste o ponto a que chegamos”, afirmou o magistrado. O ministro ainda cobrou, novamente, provas sobre as alegações do chefe do Executivo sobre as eleições de 2018 terem sido fraudadas. “Quando intimado pelo TSE pelo dever jurídico de apresentar as provas se as tivesse, não apresentou”, lembrou Barroso, que acrescentou que tudo não passa de uma “retórica vazia” contra pessoas que “trabalham sério”. O presidente do TSE ainda ressaltou que a derrubada do voto impresso auditável aconteceu na Câmara dos Deputados e disse que é uma “covardia” culpar a Justiça por “falta de coragem de atacar o Congresso Nacional”.

Na final do seu pronunciamento, Barroso fez fortes críticas a postura de Bolsonaro e pontuou que tomará posse em 1º janeiro um presidente “eleito democraticamente pelo voto popular”. “Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. A marca Brasil sofre neste momento, triste dizer isso, uma desvalorização global”, apontou o ministro. “Não é só o real que está desvalorizando. Somos vítima de chacota e de desprezo mundial. Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da bolsa, do que desmatamento da Amazônia, do número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos. Mas pior de tudo. A falta de compostura nos diminui perante nós mesmos”, afirmou Barroso. “Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo”, acrescentou. “A democracia não tem lugar para quem pretende destruí-la”, enfatizou o ministro. “Com a benção de Deus, Deus de verdade do bem, do amor do respeito ao próximo, com a benção de Deus e a proteção das instituições, um presidente eleito democraticamente pelo voto popular tomará posse no dia primeiro de janeiro de 2023”, finalizou.

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