CEO da VTCLog alega ‘agenda prévia’ para não depor à CPI da Covid-19 no lugar de motoboy

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Convocada pela CPI da Covid-19 na noite desta segunda-feira, 30, para depor nesta terça-feira, 31, a CEO da VTCLog, Andréia Lima, afirmou que não irá comparecer à comissão em razão de uma “agenda prévia de viagem” e de “compromissos inadiáveis”. Em nota divulgada há pouco, a presidente da empresa de logística, que tem contratos com o Ministério da Saúde, se coloca à disposição dos senadores – segundo apurou a Jovem Pan, os membros do colegiado avaliam realizar o depoimento ainda nesta semana.

Andréia foi convocada após o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberar Ivanildo Gonçalves da Silva, funcionário da empresa, de depor à comissão – sua oitiva estava marcada para a manhã desta terça-feira, 31. Na decisão monocrática, tomada na noite desta segunda-feira, 30, o magistrado, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro à Corte, afirmou que não havia “congruência” entre os fatos determinantes para a abertura da CPI da Covid-19 e aqueles que serviram de fundamento para a convocação do motoboy. Como a Jovem Pan mostrou, o colegiado recorreu e pediu que a liminar “seja imediatamente reconsiderada”. No agravo regimental apresentado pela Advocacia do Senado, os senadores afirmam que receberam a decisão com “perplexidade”. Ainda segundo o recurso, caso o entendimento não seja revisto com máxima urgente, a comissão parlamentar irá recorrer ao plenário do Supremo.

Na nota divulgada, a VTCLog também elogiou a decisão de Nunes Marques. De acordo com a empresa, a liminar “reforça o papel desempenhado pelo funcionário Ivanildo Gonçalves da Silva, uma vez que o mesmo apenas realiza serviços de deslocamento, incluindo diligências bancárias, atos que são necessários à administração da empresa, não desempenhando, dessa forma, nenhuma função que possa colaborar com as investigações da CPI da Covid-19”. Como a Jovem Pan mostrou, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em posse dos senadores, a VTCLog movimentou, de maneira atípica, R$ 117 milhões nos dois últimos anos. Ivanildo, por sua vez, um funcionário com salário em torno de R$ 2 mil, sacou aproximadamente R$ 4,7 milhões na boca de caixas eletrônicos, quase 5% de toda a movimentação. A relação do motoboy com a empresa foi revelada pelo Jornal de Brasília. Ao veículo, ele admitiu ter realizado as operações, destacou que depositou quantias a pessoas que não conhecia, mas não soube explicar por que precisou transportar grandes quantias em vez de ter optado por transferências bancárias.

Leia abaixo a íntegra da nota: 

“A VTCLog pontua que, a decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques, reforça o papel desempenhado pelo funcionário Ivanildo Gonçalves da Silva, uma vez que o mesmo apenas realiza serviços de deslocamento, incluindo diligências bancárias, atos que são necessários à administração da empresa, não desempenhando, dessa forma, nenhuma função que possa colaborar com as investigações da CPI da Covid-19. A CEO Andréia Lima está à disposição para contribuir com os trabalhos da CPI, mas devido à agenda prévia de viagem relacionada a logística de distribuição das vacinas, não poderá comparecer à Comissão nesta terça-feira (31). Entretanto, o recebimento desta convocação específica foi feito, após as 22h desta segunda, às vésperas de tarefas inadiáveis que exigem a sua presença na capital paulista para, entre outros compromissos gerenciar todos os lotes recém-chegados de vacinas e, impreterivelmente hoje, definir sobre a contratação de tecnologia para transporte da Pfizer a – 70 graus dentro dos prazos e necessidades do PNI do Ministério da Saúde. Andréia Lima tem pleno respeito aos trabalhos da CPI, de modo que sempre esteve e está à disposição de convocação prévia que observe o prazo regimental que se aplica a todo e qualquer cidadão”, diz o posicionamento oficial da empresa.

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