Com retorno gradual do público, setor cultural mostra sinais de reaquecimento

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O estudante universitário Murilo Feijó aproveitou o último final de semana para ir ao cinema. Com o esquema vacinal completo, ele disse se sentir seguro para o retorno, o primeiro desde o início da pandemia. “Por enquanto, indo com cautela, saindo uma ou duas vezes por mês. Estou bem feliz de estar voltar ao cinema porque era um lugar que gostava muito de ir antes da pandemia. É importante visitar os cinemas agora, movimentar a cultura depois de tanto tempo parado”, relata. De acordo com uma pesquisa do Itaú Cultural e Datafolha, 42% dos brasileiros sentiram falta de entretenimento e convívio social em 2021. Para os entrevistados, as atividades que mais fizeram falta durante a pandemia foram cinema, apresentações artísticas e bibliotecas. Em São Paulo, as atividades culturais já podem operar com 100% da capacidade há pouco mais de um mês. A coordenadora do Instituto Moreira Salles, Joana Reiss Fernandes, conta que as visitas ao local vêm aumentando aos poucos.

“No mês de junho já chegamos a quase 5 mil visitas e o mês de julho, que historicamente há um aumento no volume de público pelas férias, isso foi visível. Tivemos um aumento grande com quase 8 mil pessoas por mês”, relata. Em 2019, a cultura representava 5% do PIB brasileiro, com a geração de pelo menos cinco milhões de empregos. Primeiro a parar, o setor será o último a voltar completamente, já que ainda há proibição de aglomerações e medidas como a higienização dos ambientes aumentam os custos. No teatro Liberdade, que fica no bairro da Liberdade, bexigas estão sendo usadas para manter o distanciamento físico entre os presentes, ocupando boa parte dos assentos. O sócio-fundador Manuel Fernandes está longe de recuperar o prejuízo das portas fechadas, mas está otimista com a volta do público.

“O Cinderela que está em cartaz está arrastando um público sensacional, muito melhor do que esperávamos para este momento. Nós temos uma receita menor com custo maior, mas estamos vivos, estamos andando, conseguimos trabalhar, os atores conseguem ganhar dinheiro, as pessoas que trabalham no teatro voltaram. O momento é muito positivo se considerarmos essa fase de arranque e o futuro que nos espera”, disse. O diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, lembra que a arte tem um papel importante na saúde mental. “Esses espaços serão muito procurados pela sociedade para que possam fazer cultura estar mais uma vez dentro de si, mas pode ver um amigo, um colega, um parente também para que a gente consiga uma das coisas que mais nos faz ser humanos, que é o convívio, o encontro.”

*Com informações da repórter Nanny Cox

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