Confiança do empresário sofre a maior queda desde abril e acende alerta

Bruce Petersons
Bruce Petersons

A confiança do empresário brasileiro registrou em março queda de 5,1 pontos na comparação com fevereiro, o terceiro maior tombo mensal, inferior apenas as registradas em junho de 2018, após a paralisação dos caminhoneiros, e em abril de 2020, no auge da pandemia do novo coronavírus. Os dados fazem parte do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado nesta quarta-feira, 10. Apesar do recuo histórico e pelo terceiro mês seguido, o nível está em 54,4 pontos, acima da linha divisória dos 50 pontos, que separa confiança da falta de confiança. O número também é superior e média histórica de 53,8, mas já acende sinal de alerta no mercado. “A confiança existe, mas já foi maior e está caindo rapidamente. Mostra que os empresários estão percebendo uma piora nas condições atuais dos seus negócios e nas perspectivas futuras da economia”, diz o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo

A queda da confiança foi causada pela avaliação das condições atuais das empresas e da economia brasileira, que se tornou negativa, e pela piora das expectativas, que se tornaram menos otimistas. O Índice de Condições Atuais caiu 4,3 pontos, de 53,2 pontos para 48,9 pontos. Ao cair para nível abaixo da linha divisória de 50 pontos, o índice mostra que o empresário percebe piora do estado atual da economia brasileira e das empresas. O Índice de Expectativas caiu 5,4 pontos, de 62,6 pontos para 57,2 pontos. Os empresários da indústria seguem otimistas com relação aos próximos seis meses, mas houve reavaliação das expectativas, que se tornaram menos positivas.

O mercado financeiro também alterou a sua previsão para a recuperação da economia brasileira em 2021, segundo dados publicados no Boletim Focus desta segunda-feira, 8. Os analistas consultados pelo Banco Central estimam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano com avanço de 3,98%. Esta é a nona revisão de alta seguida do indicador oficial da inflação brasileira. Há uma semana, a expectativa era de 3,87%, enquanto há um mês chegava a 3,6%. O relatório também mostra maior cautela com o crescimento da economia neste ano. As fontes consultadas pelo BC esperam que o PIB avance 3,26%, ante estimativa de 3,29% na semana passada. Há um mês, a previsão era de 3,47%. O PIB de 2020 encerrou com recuo histórico de 4,1%, segundo números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada. Ao mesmo tempo, os analistas consultados pela autoridade monetária nacional enxergam o dólar a R$ 5,15 até o fim deste ano. Esta foi a terceira semana seguida de revisão na expectativa. Há uma semana, a previsão era de R$ 5,10, enquanto há um mês a projeção indicava o dólar a R$ 5,01.

 

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