Constantino: Aceno de Lula a empresários e políticos sinaliza volta do mensalão com ele no poder

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quarta-feira, 10, o seu primeiro pronunciamento após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que anulou todas as decisões contra ele da Operação Lava Jato o tornando elegível. Em conversa com jornalistas e apoiadores na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, o petista afirmou que não guarda mágoas, mas disse que foi vítima da maior mentira jurídica em 500 anos de história. “Eu sei que a minha mulher, a Marisa, morreu por conta da pressão, e o AVC se apressou. Eu fui proibido até de visitar o meu irmão dentro de um caixão porque tomaram uma decisão que queriam que eu viesse para São Paulo, que eu fosse para o quartel do 2º exército do Ibirapuera, e meu irmão dentro do caixão fosse me visitar. E ainda disseram que não podia ter nenhuma fotografia”, lembrou. O petista chamou a força-tarefa da Lava Jato de “quadrilha” e disse que os integrantes tinham uma obsessão por condená-lo porque queriam criar um partido político.

Lula afirmou durante o discurso que a decisão do ministro do STF reconhece que nunca houve crime cometido por ele ou envolvimento dele com a Petrobras. Vale destacar, porém, que a decisão de Fachin porém, foi apenas processual, sem apontar se o ex-presidente é culpado ou inocente. Questionado se será candidato nas próximas eleições, ele afirmou que seria “pequeno” se estivesse pensando nisso nesse instante. As falas de Lula e as possíveis mudanças no cenário eleitoral com a presença dele foram tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta quarta-feira.

Rodrigo Constantino afirma que o que Lula faz no momento é um ato comum à esquerda atual no Brasil, que se basearia em vitimismo, inversão de valores e “pose de vítima”, algo esperado por ele. Para ele, o ex-presidente usou um tom de “intimidade” ao agradecer a Fachin, o que mostra uma compatibilidade na jornada ideológica de ambos. “Ele acenou também para empresários e políticos falando que quer conversar. Isso aí para bom entendedor meia palavra basta. Obviamente é um aceno de que se ele voltasse ao poder, o mensalão e o petrolão estariam de volta, irrigando os cofres de empresários corruptos e políticos corruptos”, afirmou, garantindo que máscaras de formadores de opinião, advogados, jornalistas e até mesmo do deputado Rodrigo Maia caíram no momento em que eles amenizam os danos que o petista teria causado ao país ao falar do discurso. “Já fizeram a escolha, né. Entre Bolsonaro e Lula, que é a polarização, vai ter um bando desses que se dizem imparciais, e até liberais, querendo votar no comunista, naquele que defende o modelo venezuelano, por ódio ao Bolsonaro”, garantiu o comentarista. Ele desconfia que o político possa ser maior do que o Partido dos Trabalhadores na hora de angariar público, mas acredita que só o tempo vai ser capaz de dizer a força real de Lula com as aprovações de reformas que “enxugaram tetas estatais”.

Amanda Klein tentou se ater à análise do discurso do ex-presidente e garantiu que a fala de Lula mostra o ponto de largada dele para a eleição presidencial de 2022. “O importante é que não é um discurso de ódio, nem de revanche, nem de revisionismo. É um discurso também que o Lula se ateve na época em que foi preso, logo depois de sair da prisão, também na época do impeachment da presidente Dilma Rousseff que ele classifica como golpe. Ele tenta também sair do corner de radicalismo e endereçar os principais problemas do país, e fazer um aceno, sim, a esse centro político”, afirmou. A jornalista acredita que o aceno foi respondido rapidamente pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e que a posição de antagonismo em relação ao governo de Bolsonaro foi mostrada o tempo inteiro.

Marc Sousa acredita que a mensagem de Rodrigo Maia funciona como uma declaração de voto ao ex-presidente Lula e analisa que o petista fez um discurso de ódio. “Ele xingou o presidente de imbecil, ele deixou claro que quer punição de forma raivosa contra os membros da Lava Jato, a quem ele chamou de quadrilha, e mais, investiu forte na polarização e a polarização tem sempre o elemento de ódio”, afirmou. ‘Me chamou atenção a intimidade com Edson Fachin, a quem se referiu apenas pelo nome, e o que também desmonta alguns discursos de que o Fachin teria feito isso para ajudar o Moro. Que nada. Tanto é mentira essa história, que o Lula ficou agradecido pelo que o Fachin fez”, disse. O comentarista acredita que o ex-presidente foi arrogante ao se colocar como pai dos pobres e não fazer uma autocrítica ao PT e também pontua que ele mentiu ao falar que tinha sido inocentado e ao trazer números como o de que a Lava Jato teria criado 4,5 milhões de desempregados.

Confira o programa ‘3 em 1’ desta quarta-feira, 10, na íntegra:

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