Coronel que atacou Doria e STF atentou contra a democracia, avalia ouvidor das Polícias de SP

Bruce Petersons
Bruce Petersons

A gota d’água para o afastamento do coronel da Polícia Militar Aleksander Lacerda foi uma foto divulgada na própria rede social dele no Instagram. Na imagem, aparece um título com os dizeres: “Polícia apreende container com seis cepas indiadas… Prontas para acabar com o Brasil.” Na montagem com o corpo de uma mulher, onde o governador de São Paulo, João Doria, aparece ao lado do ex-presidente Lula, Renan Calheiros e outros políticos da oposição de Jair Bolsonaro. Em outro post, ele faz um chamamento ao desfile de 7 de setembro em Brasília. Em um dos títulos ele escreve: “O caldo esquentou.” Em mais um post provocativo, Aleksander usa uma foto do ministro Alexandre de Moraes, do STF, cm um bigode semelhante ao de Adolf Hitler. Na mesma foto, tem uma imagem de Brasília em chamas.

Para o ouvidor das Polícia do Estado de São Paulo, Eliseu Soares, o comandante Aleksander cometeu um ato gravíssimo contra o estado democrático de direito, contra a corporação da Polícia Militar e contra o governador João Doria. “Em primeiro lugar, é importante ressaltar que o coronel Aleksander não atentou contra a figura do governador — ainda que não seja correto, não seja legal. Mas é importante compreender que a atitude dele foi uma atitude que atenta contra o estado democrático de direito. Atenta contra a democracia. Atenta contra a uma instituição chamada Supremo Tribunal Federal. E atenta contra a próprio regulamento da Polícia Militar.” O comandante Aleksander comandava sete Batalhões da Polícia Militar de São Paulo, cuja tropa tem cinco mil homens distribuídos em 78 municípios da região de Sorocaba.

Ele deve prestar depoimento em São Paulo, na sede da corregedoria da PM ainda nesta semana. E corre o risco de ser expulso da corporação. De acordo com o ouvir Eliseu Soares, o comandante já entregou a carteira funcional e não pode frequentar o Batalhão onde trabalhava. “A atuação dele foi gravíssima, de modo que ele pode, inclusive, sofrer a sanção máxima que é a sua exoneração efetiva dos quadros da Polícia Militar”, afirmou. Depois do afastamento do coronel Aleksander, quem também voltou a criticar o governador João Doria foi o filho do presidente Jair Bolsonaro,  o deputado Eduardo Bolsonaro. Nas redes sociais, ele postou uma foto dividida do governador João Doria e Aleksander Lacerda e escreveu: “Além de não cumprir a prometida melhora salarial da PM, ainda pôs câmera na PM para constrangê-los. Já não tem moral com a tropa e ainda faz ameaça. Isso só faz crescer os atos para 7 de setembro.” Eduardo Bolsonaro terminou com a hashtag #dia7vaisergigante.

*Com informações do repórter Maicon Mendes 

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