Delegado Da Cunha nega expulsão da polícia, se compara ao Capitão Nascimento e desafia: ‘Não vão me calar’

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Nesta quinta-feira, 26, o programa Pânico recebeu Carlos Alberto da Cunha, o Delegado da Cunha, policial de São Paulo e youtuber, que foi afastado da Polícia Civil há quase um mês. Em entrevista, ele, que mostra nas redes sociais rotina de abordagens, prisões e incursões em favelas, afirmou que as secretarias de segurança trabalham segundo os desejos da política. “Não fui expulso da polícia, houve uma negociação de bastidores. Igual ao Capitão Nascimento, tem duzentos igual a mim e a ele. São várias ferramentas para calar. Um delegado, que pegou uma rinha de galos do Mendonça, dois dias depois foi transferido do Rio de Janeiro para o Acre. Eles comandam, colocam a cabeça nas secretarias de segurança e trabalham segundo a política. Estou sendo vitimizado, conheço o sistema, achei que não fosse chegar em mim, mas não vou me calar. Quando você se cala, você não está se prejudicando, está prejudicando todos os outros.”

O delegado, que hoje é filiado ao MDB, e estuda possível candidatura nas próximas eleições, afirmou ser um crítico das políticas de segurança pública aplicadas por governos do PSDB em São Paulo. “O PSDB é um partido que não entende nada de segurança pública, segurança pública não dá voto, então o modelo de gestão é buscar infraestrutura, Rodoanel. A segurança é tratada como obscura, fica escondida, debaixo do tapete. E aí, quando matam alguém e tem repercussão, o governador liga e diz para resolver rápido. O PCC foi fundado em 1993, tinha seis pessoas, hoje são 35 mil, um time de futebol na cadeia. Como é que você deixa um time de futebol de seis presos virar o maior cartel do mundo, com 35 mil pessoas, em 20 anos de governo? Esse fenômeno está ligado ao crescimento do tráfico internacional. O PCC, quando o Marcola assumiu, parou de matar, fez acordo com o PSDB, o governo colocou todo mundo na cadeia junto em Venceslau e falaram: ‘Fica frio, agora a gente não vai fazer mais malcriação.’ Não fizeram, controlaram todo mundo, falaram que não podia mais matar na quebrada, o governo aceitando uma pseudoajuda do crime, e do outro lado o Marcola abriu um trilho e construiu uma rota inacreditável de tráfico internacional.”

Da Cunha também comentou sobre seus desafetos com o governador João Doria e a repercussão de seus comentários sobre as ações da polícia durante entrevista ao podcast “Podpah”. “Eu fiz mea culpa, eu admiti que a gente tinha que rever o sistema de abordagem, que talvez fosse truculento, admiti que existe corrupção dentro da polícia. Admitir isso para os dinossauros que trabalham para o poder político, quando perceberam as ideias, que eu não era amarrado, começaram a me pesquisar, procuraram meu patrimônio, foram ver truculência. Pediram a filmagem para ver onde eu trabalhava para ver se eu ia, foram atrás da minha ex-mulher”.

Confira na íntegra a entrevista com Delegado da Cunha:

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