Dólar e Ibovespa caem com decisão dos juros do BC e risco fiscal no radar

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam em queda nesta quarta-feira, 4, à espera da decisão da taxa básica de juros que será divulgada pelo Banco Central depois das 18h30min. Investidores também mantém no radar a volta do risco fiscal com a nova crise dos precatórios, como são chamadas as dívidas da União que não cabem mais recurso judicial, e as discussões sobre a expansão do Bolsa Família. Por volta das 10h30, o dólar operava com queda de 0,27%, a R$ 5,179. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,219, enquanto a mínima não passou de R$ 5,174. A divisa norte-americana encerrou a véspera com alta de 0,53%, a R$ 5,193. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com queda de 0,56%, aos 122.879 pontos. O pregão desta terça-feira, 3, encerrou com avanço de 0,87%, aos 123.576 pontos.

A recente aceleração da inflação faz o mercado apostar em um acréscimo de 1 ponto percentual na Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), elevando a taxa de juros para 5,25%. No último encontro, em junho, o colegiado sinalizou que deveria repetir a dose de 0,75 ponto percentual, mas “deixou a porta aberta” para um acréscimo mais robusto. O mercado financeiro voltou a elevar a perspectiva para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação brasileira. Esta foi a 17ª semana consecutiva que a estimativa é revisada para cima. Na edição passada, a previsão indicava alta de 6,56%. O BC persegue a meta inflacionária de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. A prévia do índice foi a 0,72% em julho, o maior valor desde 2004, e acumulou 8,59% nos últimos 12 meses. Os analistas do mercado também revisaram para cima a expectativa para o IPCA de 2022, de 3,80% para 3,81%. A meta para o BC no ano que vem é de 3,50%, com variação entre 2% e 5%. Apesar do novo avanço com as expectativas para a inflação, o mercado manteve a previsão da Selic, a principal ferramenta do BC para conter a variação dos preços, em 7% ao ano em 2021 e 2022.

Investidores também repercutem a volta do risco fiscal após a nova crise de precatórios e os debates ao redor da reformulação do Bolsa Família.  O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o pagamento integral dos precatórios de 2022 paralisaria toda a máquina pública. O montante estimado para o próximo ano é de R$ 90 bilhões, 65% a mais dos R$ 54 bilhões previstos para 2021. O governo costura junto ao Legislativo e ao Judiciário formas de amortecer esses pagamentos. A principal estratégia é a formulação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permita a divisão dos valores e o parcelamento de parte das dívidas em até dez anos. Para alguns analistas, o movimento sugere um calote por parte da União. O mercado acompanha as tratativas para a divulgação de um Bolsa Família mais robusto. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o benefício pode ter aumento de até 50%, elevando as parcelas para R$ 400. O chefe do Executivo chegou a defender que o governo se endivide para dar conta do novo montante. O valor, no entanto, foi rechaçado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que disse que as discussões não apontam para essa direção e que a nova versão irá respeitar o teto de gastos.

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