Evergrande aponta o próprio tamanho para ser salva da falência

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Motivo de preocupação mundial nos mercados financeiros, a construtora chinesa é Evergrande é o maior exemplo dos problemas de quando uma empresa se torna grande demais em um regime como o chinês. A incorporadora está deixando o mundo em suspense diante da possibilidade de que não consiga pagar os credores nesta semana. Possibilidade que espalhou temores pelos mercados financeiros mundiais e de que se repita a história da quebra do banco americano Lehman Brothers, que desencadeou a fase mais aguda da crise do subprime, em 2008. Nos últimos três anos, desde que os problemas de liquidez começaram, a chance de um calote da Evergrande tem sido apontada como o maior risco que o mercado financeiro da China já enfrentou. E a estratégia de negócios da empresa tem sido a mesma: apontar que, aconteça o que acontecer, a Evergrande é grande demais para quebrar.

A dívida da incorporadora atinge o equivalente US$ 300 bilhões. Não é só a maior do mundo, como tem sido divulgado nos últimos dias: equivale a 2% do Produto Interno Bruto chinês. A cada crise, tanto outros bilionários chineses como o governo saem em socorro da empresa. Foi assim no ano passado, quando a entrada de novos investidores injetou US$ 15 bilhões e evitou o risco de calote. Na época, uma das atitudes da direção foi enviar um documento às autoridades dizendo que os problemas do conglomerado poderiam levar a uma crise de liquidez em todo o sistema financeiro. Mais tarde, o grupo negou a existência da mensagem, mas a chantagem foi clara e, de certa forma, também se estende aos credores. Muitas empresas que emprestaram dinheiro à Evergrande também dependem dela para manter receitas.

A segunda maior credora, uma empresa que também é fornecedora da Evergrande, disse que tira 47% do faturamento dos negócios com a holding. Essa rede de interesses torna inevitável que o governo chinês, a contragosto, aceite intervir, mas quando fará tem sido motivo de especulação. Prevalecia a percepção de que só vai agir se houver mesmo risco de o conglomerado quebrar. Nesse caso, não teria alternativa. Ao mesmo tempo, a situação torna inevitável a abertura de mais uma frente no pacote de regulações que o governo chinês tem aplicado nos setores de tecnologia e educação. O próximo alvo deve ser a habitação.

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