Falta de investimento nas polícias influencia na alta de mortes violentas, dizem especialistas

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O Brasil teve quase 17 mil mortes violentas sem causa determinada em 2019, de acordo com o novo Atlas da Violência 2021. Elas podem ter sido causadas por agressões, assassinatos, acidentes ou suicídios, mas entram nas estatísticas como indefinidas. O estudo aponta que os óbitos classificados como mortes violentas por causa indeterminada saltaram de 12 mil para 16 mil entre os anos de 2018 e 2019, um aumento de 35%. Segundo o doutor e mestre em Direito Penal pela Universidade de São Paulo, Matheus Falivene, além da limitação da ciência forense, existe falta de investimento na polícia. “Existe uma limitação científica, então tem caso que por motivos científicos você não consegue chegar ao que aconteceu. E tem também problema de polícia, que infelizmente não recebe investimentos altos. Em muitos casos, a investigação é demorada, acaba não sendo feita da forma mais correta e isso acaba levando a uma não identificação da causa e da autoria, se houve um crime ali.

Os especialistas chamam de “cifra negra” essa lacuna da estatística criminal. É o caso de crimes que não são reportados oficialmente, sem boletim de ocorrência. O historiador e sociólogo Eduardo Baez fala da banalização da violência urbana. Ele lembra que os casos registrados como mortes violentas sem causa determinada não são investigados. “Nós não temos uma ação de perícia ou algo de preservação do local. Não estou dizendo que não exista, mas é muito falha. Acontece algum tipo de delito, homicídio, você tem a chegada da polícia e muitas vezes o local onde aconteceu o crime é violado, o corpo fica muito tempo esperando retirar o corpo.”

O estudo aponta ainda que, em 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil. O número ficou bastante abaixo dos 4.519 homicídios femininos registrados em 2018, o que representa uma redução de 17% nos números absolutos. Em cinco Estados houve aumento no registro de feminicídios no mesmo período: em Alagoas (33,6%), Sergipe (31,2%), Amapá (24,3%), Santa Catarina (23,7%) e Rondônia (1,4%).

*Com informações do repórter Victor Moraes

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