Flávio Bolsonaro enviou publicação do pai em grupo de senadores, mas não obteve resposta

Bruce Petersons
Bruce Petersons

A publicação do presidente Jair Bolsonaro, na qual afirma que entregará ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um pedido de abertura de processo contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi enviada pelo filho do mandatário do país, Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), no grupo de WhatsApp dos senadores, do qual Pacheco faz parte, minutos depois. Segundo apurou a Jovem Pan, nenhum membro respondeu ao filho Zero Um. O post de Bolsonaro criticando a atuação dos magistrados foi feito um dia depois de Moraes autorizar a prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, no âmbito do inquérito que investiga a atuação de “milícias digitais” que atentam contra o Estado democrático de direito.

Apesar do silêncio no grupo do aplicativo de mensagens, senadores reagiram à manifestação de Bolsonaro em seus perfis nas redes sociais. Vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o presidente da República deve “pegar no serviço”. “Bolsonaro, vá trabalhar! Ao invés de arroubos autoritários, que serão repelidos pela democracia, vá pegar no serviço! Estamos com 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo de COVID-19! Vai trabalhar!”, escreveu. Líder da bancada feminina no Senado, Simone Tebet (MDB-MS) ironizou o post do chefe do Executivo federal. A emedebista lembrou que há um inciso do mesmo artigo da Constituição citado por Bolsonaro trata sobre a instauração e abertura, pelo Senado, de processo contra o presidente da República por crime de responsabilidade. “Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no ‘Chico’, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o ‘Francisco’ habita o Inciso I, do mesmo endereço”, disse Tebet.

Suplente da CPI da Covid-19, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que a publicação “é só mais uma cortina de fumaça para tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade que o próprio PR [presidente da República] cometeu’. Entre os deputados, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Otoni de Paula (PSC-RJ) saíram em defesa de Bolsonaro. Para o Zero Três, seu pai age “dentro das quatro linhas da Constituição”. Otoni, por sua vez, disse que apoiadores do presidente devem ir às ruas, no ato previsto para o dia 7 de setembro, “com pauta única”. “Temos que forçar o senado federal a abrir processo de impeachment contra Moraes e Barroso”.

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