Guedes diz que Febraban alterou manifesto em defesa da democracia para atacar o governo

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira, 30, que a divulgação do manifesto em defesa da democracia elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) está suspensa pela falta de consenso sobre o teor do documento. Em conversa com jornalistas, o chefe da equipe econômica disse que foi informado que o texto havia sido alterado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que transformou a nota em um ataque ao governo. “A informação que tenho é que havia um manifesto em defesa da democracia, que aí não haveria nenhum problema, e que alguém da Febraban teria mudado isso para, invés de ser a defesa da democracia, ser um ataque ao governo”, afirmou o ministro. “A própria Fiesp teria dito ‘então não vou fazer esse manifesto’, e o manifesto parece que está até suspenso por causa disso, não estão chegando a um acordo”. Intitulado “A Praça é dos Três Poderes”, o texto, que já conta com a assinatura de mais de 200 entidades, associações e sindicatos, estava previsto para ser divulgado no início desta semana. O cronograma foi alterado nesta segunda-feira após uma conversa entre o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, durante o fim de semana. Ainda não há previsão de nova data para a publicação. Inicialmente, os interessados em assinar o texto deveriam se manifestar até as 17 horas de sexta-feira, 27. O prazo, porém, foi estendido para aumentar o número de apoiadores. A nota, que ainda não tem uma versão final definida, prega a defesa da democracia através da harmonia entre os três Poderes. O documento está sendo redigido por membros da Fiesp e não deve citar nominalmente nenhum agente político ou instituição.

Guedes negou que tenha se envolvido nas discussões da possível saída da Caixa e do Banco do Brasil da Febraban. “Não foi produzido por mim. Fui informado no sábado, não estou conversando sobre isso”, afirmou. Em nota, a entidade que reúne os principais bancos do país negou que tenha participado da criação de um texto com ataques ao governo ou de oposição à política do Ministério da Economia. “A Febraban submeteu o texto à sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material. Nenhum outro texto foi proposto e a aprovação foi específica para o documento submetido pela Fiesp. Sua publicação não é decisão da Federação dos Bancos. A Febraban não comenta sobre posições atribuídas a seus associados”, informou a entidade. “O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade”.

Share This Article