Indústrias do Paraná investem em internacionalização para crescer

Bruce Petersons
Bruce Petersons

As exportações paranaenses seguem crescendo e são uma oportunidade de negócio para muitas indústrias do estado. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), em 2022 houve um aumento de 16,8% nas exportações do Paraná e as importações cresceram 32%. No levantamento dos dois primeiros meses deste ano, o cenário continua em avanço, o que mostra que é um bom momento para empresas investirem em internacionalização como estratégia de expansão e para ter mais independência em relação ao mercado interno.

No 1º bimestre de 2023, foram exportados US$ 43,3 milhões – US$ 100 mil a mais que no mesmo período do ano anterior. “Essas informações preliminares demonstram que, de fato há um incremento nas exportações paranaenses. Em relação a 2023, existe uma grande possibilidade de crescimento dos alimentos processados, máquinas, equipamentos e automotivo, com base na balança comercial do estado”, comenta a coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Fiep, Caroline Pinheiro do Nascimento.

Na Sondagem Industrial 2023, 56% dos empresários industrias paranaenses afirmaram que têm intenção de exportar. Já em relação às importações, 52% devem comprar de outros países. Como explicou o economista da Fiep Marcelo Alves, focar no mercado externo pode ser muito interessante para o crescimento das empresas de todos os segmentos e portes, principalmente em um período com câmbio favorável. A velocidade e os resultados atingidos dependem de fatores como a experiência daquele negócio, estratégia de venda e economia interna e externa.

De acordo com a mesma pesquisa, um motivo apontado pelas empresas para não exportarem é a burocracia envolvida nos processos, o que é confirmado pela coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Fiep, Caroline do Nascimento.

“O principal desafio de uma empresa é entender o processo e conhecer como fazer a exportação. A burocracia sempre existirá em qualquer país, pois normalmente são as leis, regras e procedimentos exigidos, porém quando há conhecimento de como lidar, a exportação é desmistificada”, esclarece.
Passo a passo para as empresas que querem exportar em 2023

As formas de exportação são diferentes e, com isso, o nível de conhecimento para a operação também. Por exemplo: uma empresa que exporta diretamente possui um tipo de processo, diferentemente de quem exporta indiretamente.

De forma geral, o Centro Internacional de Negócios da Fiep recomenda os seguintes passos:

  • Preparação por meio de capacitações;
  • Avaliação da capacidade produtiva;
  • Análise do mercado-alvo;
  • Escolha da melhor estratégia de entrada: venda direta, distribuidor, joint venture, entre outros;
  • Adaptação do produto;
  • Desenvolvimento de um plano de negócios para exportar;
  • Aplicar o gerenciamento de riscos.

Sobre as expectativas e tendências do momento, Caroline do Nascimento comenta que o Paraná é por natureza um estado exportador de alimentos. Com isso, tudo o que é ligado ao setor está em alta, tanto as commodities quanto os alimentos processados. Os setores de máquinas, equipamentos e automotivo também são representativos.

No ano passado, o Paraná foi o sexto estado brasileiro que mais exportou e o quarto que mais comprou de fora. Os produtos paranaenses foram vendidos para 212 países. Entre eles, estão os da QualiNova, que fica em Pinhais e tem produtos de alimentação inteligente, e os da Tribal Pepper, de molhos especiais e pimenta, localizada em Guarapuava.

Da “sobrevivência” ao sucesso no mercado externo

Atualmente, 70% do faturamento da Qualinova é resultado das exportações, mas nos primeiros anos da empresa, como conta o CEO, Alisson Sato, o objetivo era apenas sobreviver. “Foram muitos anos de aprendizado e baixo crescimento até encontrarmos o melhor modelo de negócios. Hoje conseguimos expor nas maiores feiras internacionais, competindo com produtos norte-americanos e europeus”.

A empresa tem operações no Paraguai e Estados Unidos e, desde o ano passado, no Canadá, com venda própria a partir da tecnologia. Os próximos passos, em fase de regulação, são chegar a México, Filipinas e Bolívia. “Percebemos que exportar é um dos melhores caminhos para crescermos e contribuirmos para o desenvolvimento do Brasil”, acrescenta Alisson.

Foco no mundo desde cedo

A Tribal Pepper foi criada em 2017 com foco no mercado externo, além de atender ao território nacional. Os produtos, que inicialmente eram apenas de quatro tipos já chegam a 30, e podem ser encontrados, além do Brasil, em lojas do Paraguai. Em breve, chegarão aos Emirados Árabes.

Elodir Klein, CEO da empresa, conta que conhecer outras culturas e mercados foi fundamental para o sucesso e elaboração de cada lançamento e, para isso, o apoio da Fiep fez diferença, pois ele foi a Portugal para estudo em uma missão da instituição. “É muito importante ver na prática esses mercados e a federação é muito parceira nisso”.

Apoio da Fiep para a internacionalização

Para que as empresas entendam os processos, o Sistema Fiep tem serviços de preparação para exportação, além de cooperação internacional e parcerias institucionais para estimular a internacionalização. Na preparação para exportar, tendência para as indústrias que buscam ser mais competitivas e expandir seus negócios, as ofertas de serviços vão desde capacitações a emissão de certificados.

“Participei de vários treinamentos, que oportunizaram muito networking, rodadas de negócios e missões internacionais. No ano passado, participei de uma missão personalizada para Portugal, quando aprendemos sobre o mercado, a cultura e recebemos consultoria para descobrir todos os requisitos para conseguirmos exportar para a União Europeia”, comenta Alisson Sato, da Qualinova.

Confira o que a Fiep oferece:

  • Capacitações: prepara para o comércio exterior com diversos temas como por exemplo, exportação passo a passo, formação de preço para exportar, entre outros;
  • Missões empresariais: oferece a experiência internacional para empresas que buscam inovação, tendência e a realização de negócios.
  • Estudos de mercado internacional customizados: oferece informações estratégicas de mercados e contatos de importadores para a América Latina e Estados Unidos;
  • Encontros de negócios: aproxima compradores internacionais das indústrias exportadoras do Paraná;
  • Eventos: realiza seminários, workshops e webinars, além de oferecer informações de mercado com possibilidade de network/negócios.
  • Prospecção de mercado internacional: informações de compradores e mercados qualificados;
  • Programas de internacionalização: preparação para exportar em todas as etapas;
  • Certificado de origem: a emissão do certificado, documento para a exportação, é realizada pelo Sistema Fiep. É necessário para os países com os quais o Brasil possui acordo comercial;
  • Cadastro das indústrias: oferece contatos qualificados, tanto para quem deseja prospectar fornecedores quanto para quem precisa encontrar um possível cliente.
  • É mito que só as grandes podem exportar

Ainda é comum o pensamento de que só as grandes empresas podem exportar. A coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Fiep explica que as de qualquer porte, inclusive MEI, podem atuar no mercado internacional, observando o volume, a forma de exportação, além das regras do mercado-alvo.

“As empresas menores exportam conforme a sua capacidade produtiva, por isso a importância de estar preparada e de realizar um planejamento estratégico”, complementa.

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