Mal de Parkinson não tem cura, mas pode ser controlado com tratamentos

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Dona Irene, de 81 anos, foi diagnosticada com Parkinson em 2004. No início da doença, sentia tremores em um dos dedos da mão e apresentou um quadro de depressão. Dez anos depois do diagnostico, ela passou a ter problemas de memória e frequentes alucinações. Segundo Rita, filha de Irene, após uma queda dentro de casa, em 2015, a doença só avançou. Atualmente, ela é totalmente dependente e se alimenta por meio de sonda. “Tudo começa a enrijecer, inclusive a região das cordas vocais e da faringe. E ela começou a perder a voz, falar muito baixinho, cada vez mais, até que hoje em dia ela não consegue se comunicar mais.”

Recentemente o ator Paulo José, de 84 anos, morreu de pneumonia. Ele convivia com o Mal de Parkinson desde 1993. Na semana passada, o senador José Serra anunciou afastamento do cargo porque foi diagnosticado com a doença — que envolve sintomas como rigidez corporal, lentidão e instabilidade para manter a postura. O Mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa porque envolve a perda dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina, relacionada a ações motoras e não-motoras. A doença destrói, de forma progressiva, a capacidade do paciente controlar os movimentos e pode causar problemas como depressão e ansiedade.

Segundo o neurocirurgião do Hospital Albert Einstein, Marcelo Valadares, as causa ainda são desconhecidas. Ao contrario do que muitos acreditam, cerca de 30% dos pacientes não apresentam tremores. “Existe, sim, alguns genes que já são identificados que, em parte dos casos, podem ser responsáveis pelos inícios dos sintomas. É o exemplo dos casos que existem várias pessoas em uma mesma família. Mas a maior parte dos pacientes com Parkinson tem casos isolados.” Marcelo Valadares explica que a doença não tem cura, mas é possível controlar os sintomas e retardar a progressão dela. A levodopa é a principal droga usada no tratamento da doença.

Outra alternativa para controlar os sintomas é o implante do marca-passo cerebral. “O tratamento é para quem já estava fazendo uso das medicações e elas passaram a perder o efeito com o tempo ou a pessoa tem muitas efeitos colaterais. Também não é para todas as idades. Pessoas com mais de 80 anos geralmente não são bons pacientes para cirurgias. Aqueles que implantam eletrodos no cérebro costumam ver bons resultados e melhoras significativas dos sintomas. Mas isso não evita que a doença progrida e não cura.” Uma pesquisa desenvolvia nos Estados Unidos aponta o risco 30% maior de pacientes com a doença da Parkinson serem vitimas fatais da Covid-19. O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado em sintomas. É de fundamental importância que seja feito de maneira precoce.

*Com informações da repórter Caterina Achutti

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