‘Não há necessidade de revacinação’, diz Dimas Covas sobre doses da CoronaVac interditadas

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quarta-feira, 22, que não há a necessidade de uma revacinação das pessoas que receberam doses da CoronaVac interditadas pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 4 de setembro, a agência determinou a interdição cautelar de 12 milhões de unidades da vacina que foram envasadas em fábrica não inspecionada e aprovada no âmbito da Autorização de Uso Emergencial. Nesta quarta-feira, a Anvisa pediu que o Instituto Butantan recolha todas as doses provenientes dos lotes interditados. A media já havia sido determinada pelo governador de São Paulo, João Doria, há uma semana, com a substituição voluntária das doses interditadas. “Conversei com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. A interdição não significa a proibição de uso nem a destruição das vacinas. [Significa] apenas o aguardo da fiscalização dessa nova unidade que foi construída pela Sinovac em Pequim. A decisão do governo de São Paulo foi devolver a totalidade dessas doses à Sinovac, assim excluímos qualquer dúvida”, disse Doria em coletiva de imprensa realizada após a entrega de doses da CoronaVac pelo São Paulo aos Estados do CearáEspírito SantoParáPiauí e Mato Grosso.

Como a Anvisa já apontou que mesmo uma inspeção presencial na China não afastaria a motivação que levou à interdição cautelar dos lotes e o Instituto Butantan já começou a substituir os lotes, Dimas Covas informou que não haverá a realização de um pedido de uso para essas unidades. Ele ainda acrescentou que não está descartada a possibilidade de doação dessas vacinas para países da América Latina. “Essas vacinas não tem problema de qualidade, isso está mais do que atestado. Aqui no Estado de São Paulo, em torno de 3 milhões de pessoas já receberam [as doses] sem nenhum problema, porque não há problema. É absoluta a tranquilidade do ponto de vista das pessoas que foram vacinadas com esses lotes”, assegurou o presidente do Butantan. “Nós iniciamos um programa de farmacovigilância, que se utiliza, além dos dados que são feitos pelo próprio município, o dado do VaciVida, em que existe o reporte de um eventual evento adverso que um paciente possa ter apresentado. Felizmente nós não tivemos nenhum paciente que recebeu qualquer uma dessas doses desse lote com alguma alteração”, apontou.

Dimas Covas também ressaltou que todas as unidades passaram por um rigoroso controle com certificação do Instituto Nacional de Controle de Qualidade (INCQ), órgão vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O presidente do Butantan explicou que o protocolo para quem foi vacinado com as doses interditadas deverá ser tomado com base em novas determinações da Anvisa, mas acrescentou que não acredita na necessidade da aplicação de uma dose extra nessas pessoas. “Quando eu falo em qualidade e eficácia significa que não há necessidade de fazer nenhuma revacinação nessas pessoas”, afirmou. O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, informou que as unidades distribuídas aos municípios deverão retornar ao Instituto Butantan até a sexta-feira, 24. “Foram 3,8 milhões doses aplicadas e um pouco mais de 200 mil que estavam distribuídas aos municípios. Depois recebemos mais 1 milhão desse lote. A partir do momento em que a Anvisa interditou, todos os municípios receberam o oficio informando que nenhuma dessas doses deveria ser aplicada e que elas deveriam ser mantidas quarentenadas em condições ideias de refrigeração”, detalhou. “Nós já tínhamos essa previsibilidade de receber essas vacinas até sexta-feira. A partir desse ofício da Anvisa, nós passamos a exigir que essas doses retornem para o Instituto Butantan até o dia 24”, finalizou.

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Durante a coletiva de imprensa, Gorinchteyn também apresentou os dados da pandemia no Estado de São Paulo. Nesta quarta, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva está em aproximadamente 31%. São 2.400 pessoas em leitos de UTI, 11 mil a menos do que o número de internados durante o pico da segunda onda no início de abril. O secretário de Saúde aproveitou para esclarecer os problemas enfrentados pelo Estado com a nova versão do sistema e-SUS Notifica, plataforma na qual os números atualizados de casos, mortes e internações são adicionados. De acordo com ele, há 10 dias o Estado não estava conseguindo aportar os dados. “Por isso nós tivemos quedas acentuadas de 80% no número de casos. Nós já aportamos esses casos, a ponto de que na semana epidemiológica passada, em relação a anterior, nós tivemos um aumento de 352% no número de contaminados, exatamente por essa obrigatoriedade de aportamos esses dados”, esclareceu.

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