Pandemia não é melhor momento para debater ‘homeschooling’, afirma Tabata Amaral

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O programa “Mulheres Positivas“, da Jovem Pan, traz como convidada nesta segunda-feira, 20, a deputada federal Tabata Amaral (PSB). Entrevistada pela apresentadora do programa, Fabi Saad, e do podcast “Mulheres Positivas”, Naná Feller, a política falou sobre pautas que defende no exercício do cargo, projetos apresentados e a situação política atual do país. Ela considerou “quase infantil” a “competição” entre diferentes setores da política brasileira para saber qual seria a maior manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, o que teria motivado o esvaziamento de uma manifestação organizada no dia 12 de setembro. “O impeachment não vai acontecer se for uma coisa de ‘partido A’, ou da esquerda, ou não sei o que. Para ele acontecer, tem que ser da população, da esquerda à direita”, afirmou, considerando a gestão atual do país como “extremamente incompetente, autoritária e corrupta”.

Pautada pela educação como uma das principais bandeiras de seu mandato, a deputada disse que não é contra o homeschooling, mas criticou o Ministério da Educação por fazer deste tema a sua única defesa e deixar o resto das questões “à deriva”. “A educação domiciliar impacta sete mil famílias. Na educação brasileira, nós temos 50 milhões de estudantes. Educação domiciliar é para a nata da nata. Quem é que consegue no Brasil ter uma formação superior, tempo e recurso para educar seus filhos em casa?”, questionou. Para ela, mesmo que a discussão e regulamentação da política de ensino domiciliar seja válida, este não é o momento ideal para conversar sobre isso. “No meio de uma pandemia em que mais da metade de quem mora em favela não conseguiu estudar? O homeschooling vai resolver alguma coisa para quem mora na ponta?”, questionou. A parlamentar acredita que o governo tem costume de escolher pautas polêmicas e “ideológicas” para pautar em detrimento de outras.

Dois projetos apresentados pela deputada que foram aprovados na Câmara e no Senado estão dentro de um pacote de auxílio a jovens em situação de pobreza menstrual, que prevê o fornecimento gratuito de absorventes na rede pública de ensino brasileira e deve afetar a vida de 6 milhões de mulheres. “Quando apresentei o primeiro [dos projetos] no comecinho do ano passado, eu fiquei assustada com a reação, porque ela foi muito negativa”, recordou. Ela lembrou que, apesar de alguns comentários negativos sobre o assunto, o projeto foi adotado de forma orgânica por alguns estados, como São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Maranhão. “Quando a gente conseguiu finalmente pautar na Câmara este projeto, era porque uma revolução já estava acontecendo no Brasil, porque a conversa mudou de patamar”, afirmou, considerando que o conjunto de vozes somadas em prol da luta fez com que ela não saísse de pauta. “Vale a pena enfrentar tabus, vale a pena levantar a cabeça com coragem e falar: isso importa, especialmente para mulheres pobres”, disse.

A deputada, que entra no último ano do seu mandato em 2022, considerou que ainda há muitas lutas a serem travadas no cargo de deputada federal. “Por enquanto, estou 100% focada no Congresso, na luta pela educação, e trabalhando muito para que no ano que vem a gente possa ir às urnas menos divididos, com menos ódio, para que as pessoas possam votar em um projeto de Brasil com pauta para educação, para a área social, para a economia, e não só votar em ‘A’ porque a gente não quer ‘B’ e votar em ‘B’ porque a gente não quer ‘A’. Isso faz muito mal para o nosso país”, opinou. Como dois livros indicados para mulheres positivas ela citou “Olhos D’Água”, de Conceição Evaristo e “Americanah”, de Chimamanda Ngozi Adichie. Como produção audiovisual, ela indicou o filme “Estrelas Além do Tempo” e a série “Atypical”. Para a deputada, uma mulher admirável é a empresária Luiza Helena Trajano.

Confira o programa “Mulheres Positivas” desta segunda-feira, 20, na íntegra:

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