Saída para risco de apagão depende mais de reforço na oferta do que economia caseira, diz especialista

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Imagine uma grande região metropolitana de 20 milhões de habitantes sem energia? São Paulo e o Brasil inteiro viram situação parecida em 2001, quando a falta de chuvas secou os reservatórios. Agora, o cenário é muito pior. O país está muito mais dependente da energia elétrica e vivendo a pior seca dos últimos 90 anos. Um apagão pode acontecer já entre outubro e novembro. Segundo especialistas, os reservatórios estão chegando ao fundo. O diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético, Roberto Pereira de Araújo, explica que o país precisaria ampliar a oferta de energia elétrica em 7,5% para reverter a situação antes do apagão. “É preciso contratar de algum jeito mais 5,5 megawatts. Para se ter uma ideia do que significa isso, a Usina de Itaipu, maior do Brasil, tem associado a ele 7,7 megawatts, então é mais de meia Itaipu”, afirmou.

Com a escassez, as usinas termelétricas foram acionadas, produzindo uma energia mais cara, que acaba pesando no bolso do consumidor. Na última semana, o presidente pediu que a população economizasse energia. No entanto, economias residenciais pouco podem ajudar nesse momento, explica Roberto Pereira de Araújo. “O que o presidente falou de apagar uma luz, hoje em dia, com as lâmpadas LED que consomem muito pouco, não adianta. Pelo lado da demanda, o único setor que pode ajudar seriam as indústrias. É preocupante, se vai ser oferecido um prêmio, de onde vem esse dinheiro? Será que eles vão manter os empregos se tiverem que acabar com o turno da tarde?”, questionou. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vai receber propostas de redução voluntária da demanda de energia elétrica. Outras soluções apontadas por especialistas seriam, por exemplo, a volta do horário de verão e o aumento da importação de energia da Argentina e do Uruguai.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini

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