Síndrome de Burnout: Médicos tendem a ignorar o cansaço e sofrimento

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Quando médicos se encontram em exaustão emocional e reduzido interesse pelo trabalho e em sua realização pessoal, a paciência com os colegas diminui, a memória falha e, com isso, a produtividade e a motivação ficam prejudicadas. Quando este cenário está presente, sintomas físicos como a fadiga, tensão, queda da imunidade, alteração de apetite, dores de cabeça e insônia também podem ocorrer. A esse conjunto de sintomas — relacionado ao estresse crônico no ambiente profissional — damos o nome de Síndrome de Burnout, que é um quadro ainda maior entre aqueles que trabalham em ocupações voltadas ao cuidado de pessoas, como é o caso dos médicos. Estes profissionais geralmente desenvolvem relacionamentos intensos com aqueles de quem cuidam e, muitas vezes, priorizam as necessidades dos outros às suas.

Embora cuidar dos outros possa ser extremamente dignificante e recompensador, muitos fatores relacionados à natureza do trabalho médico podem levar ao esgotamento das reservas emocionais deste profissional de saúde. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), pesquisas indicam que quase metade dos médicos terão um episódio de Burnout em suas carreiras e as taxas deste transtorno estão aumentando, atingindo um “nível epidêmico” nos últimos anos no Brasil e no mundo. Embora as taxas variem entre as especialidades, homens e mulheres, local de atendimento, condições de trabalho e estágios de carreira, evidências mundiais sugerem que tem aumentado. Mas porque isso tem ocorrido? Os fatores de risco são muitos, podendo estar relacionados desde à atitude perfeccionista do médico até a negação frente ao seu estresse, muito incentivada pela formação.

Médicos tendem a ignorar o cansaço e o sofrimento, pois esses sentimentos são tidos como parte da profissão. Fatores vinculados às organizações de saúde, como aumento da carga de registros médicos eletrônicos, mudanças nos ambientes de trabalho e lideranças insuficientes também estão muito relacionados. Como os médicos continuam lutando para permanecer bem, é importante que eles sofram intervenções de responsabilidade organizacional, como reescalonamento de turnos, redução da carga de serviço, melhora do trabalho em equipe e também contem com entidades de classe que prezem por um currículo que os ensinem a lidar com limites da profissão. Além disso, é necessário dar suporte aos médicos para melhorarem sua capacidade de cuidarem de si mesmos e de seus pacientes com segurança e eficácia.

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