Teve Covid? Teve gripe? Saiba quando tomar a vacina contra o coronavírus

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Apesar do avanço da vacinação contra a Covid-19 no país – cerca de 100 milhões de brasileiros já tomaram pelo menos a primeira dose –, muitas dúvidas ainda existem sobre as restrições para a imunização. Uma delas é o que muda no caso de quem já teve a doença e, com a temporada de frio que atinge o país desde as últimas semanas de julho, se é permitido tomar a vacina contra o coronavírus se estiver gripado. Para responder aos questionamentos, a Jovem Pan conversou com a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, e com a infectologista do Hospital São Luiz, Raquel Muarreck. Além de tirar dúvidas sobre a vacinação após a doença, as especialistas ainda explicaram sobre o intervalo entre a vacina contra a Covid-19 e a vacina da influenza.

Quantos dias após a infecção pelo coronavírus eu posso me vacinar?

A Sociedade Brasileira de Imunizações estipula um prazo de quatro semanas entre a infecção e a vacinação, mas o início da contagem varia de acordo com a forma da Covid-19. Para casos leves, os 30 dias devem ser contados a partir do primeiro dia de sintomas. “O prazo é de 30 dias depois do início dos sintomas para casos leves que se recuperaram. Vamos supor que eu adoeci hoje e daqui a uma semana eu estou boa. Eu tenho que contar 30 dias do dia de hoje, não de quando acabam os sintomas”, exemplifica Mônica Levi. Nos casos em que o indivíduo precisou ser hospitalizado, o prazo de 30 dias começa a valer após a alta hospitalar.

“Isso acontece porque a Covid-19 tem complicações posteriores. Normalmente, é uma infecção que não começa como uma doença grave. A pessoa começa sentindo os sintomas e, aos poucos, a doença se agrava. Por isso, para afastar qualquer relação entre a vacinação e algum sintoma que é de agravamento da doença se espera esse período, como uma margem de segurança”, diz a diretora do SBIm, que salienta que a medida é uma prevenção para que uma possível complicação da doença não seja associada a um efeito colateral da vacina. A infectologista Raquel Muarreck explica que o intervalo também é importante para dar tempo para que o sistema imune possa responder de maneira adequada. “Tem que ter uma cascata de resposta imunológica trabalhando para receber a vacina.”

Se a pessoa estiver gripada, ela pode tomar a vacina contra a Covid-19?

Recomenda-se que qualquer pessoa que estiver com sintomas respiratórios, que possam ser da Covid-19 ou da gripe, já que não há como diferenciá-las clinicamente, não vá se vacinar. Então, se a pessoa sentir tosse, febre e dor no corpo, que são sinais comuns às duas doenças, o ideal é esperar o restabelecimento da saúde ou o diagnóstico diferencial, principalmente porque os sintomas da Covid-19 são diferentes de acordo com a variante. “Hoje em dia o ideal é não tomar [a vacina enquanto estiver com sinais de gripe], porque os sintomas, de acordo com cada variante, são variáveis. Uma ‘gripe’ pode significar que você esteja com Covid-19″, lembra Raquel Muarreck, que cita a variante Delta, cujos sintomas predominantes são dor de cabeça, dor de garganta e corrimento nasal.

“Se a pessoa está com um quadro respiratório leve e que passa em dois dias, não tem febre, não tem agravamento e que teve diagnosticado como um resfriado comum, ela estando bem, já pode se vacinar. Agora se forem sintomas em que não há como afastar uma possibilidade de Covid-19, o melhor é fazer o diagnóstico ou aguardar o tempo que uma pessoa que teve Covid-19 precisa aguardar para se vacinar”, aponta a diretora do SBIm. Sendo assim, caso a pessoa esteja realmente com gripe, ela pode se vacinar assim que os sintomas cessarem. Se não houver diagnóstico, o ideal é esperar quatro semanas.

Qual é o intervalo entre a vacina contra a influenza e a vacina contra a Covid-19?

O intervalo recomendado é de duas semanas entre as vacinas. “Elas não podem ser feitas simultaneamente. Se você recebeu a vacina da gripe hoje, você não pode semana que vem tomar a da Covid-19. Tem que aguardar duas semanas”, diz Mônica. “Esse espaçamento foi estipulado porque não tem estudos de aplicação simultânea das vacinas. A gente não sabe se há interferência entre os imunizantes, então se estipulou esse prazo”, completa. Raquel Muarreck acrescenta, novamente, que o intervalo é importante para que o sistema imune tenha tempo para responder. A infectologista ainda lembra que a vacina contra a Covid-19 deve ser prioridade. “Quando você toma duas vacinas que vão atuar na mesma cascata, pode ser que o sistema não responda a uma ou a outra. Normalmente, você toma a mais necessária, que é a de Covid-19. E, depois de 15 a 20 dias, você toma a da gripe.”

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