Uso de smartphones na infância pode ser prejudicial à saúde mental das crianças?

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Muitas pessoas me perguntam sobre o uso de tablets e smartphones na infância e se isso pode ser prejudicial para a saúde mental das crianças. Bem, considerando que essas tecnologias estão presentes cada vez mais cedo, às vezes é difícil você estabelecer regras e controlar o conteúdo que os filhos acessam, mas dar limites a eles é uma parte fundamental da educação. Um dos principais “problemas” da internet é justamente o fato de que os seus limites são pouco claros. Até certa idade, controlar o acesso dos filhos é simples: basta levar o celular ou o tablet para longe. Mas, e quando eles têm seus próprios aparelhos? 

Durante a infância, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Até por volta dos seis a sete anos, o pensamento da criança e a compreensão que ela tem do mundo são construídos a partir do que ela vê, sendo que ela não consegue diferenciar muito bem a realidade da fantasia, seja em desenhos, jogos ou filmes. Um tipo de conteúdo online preocupante atualmente são os vídeos do tipo “unboxing”, em que pessoas retiram brinquedos da caixa e “brincam” com eles. As crianças ficam vidradas assistindo a vídeos de outras pessoas brincando e manipulando objetos, o que pode despertar nelas sensações muito reais, como se elas estivessem brincando também mas, na verdade, não estão vivenciando nada daquilo. 

Somente entre os sete e oito anos é que as crianças vão usar conceitos mais elaborados para “construírem” pensamentos e opiniões e compreender que nem todos pensam como elas. É por isso que o uso deveria ser limitado até os sete anos e, para crianças maiores, é preciso levar em consideração a qualidade do conteúdo, se é seguro, saudável e se atende a princípios éticos. Lembrando que a tecnologia em si não prejudica a saúde mental, ela pode facilitar o acesso a informações e já faz parte das relações entres as pessoas, mas os conteúdos tem de ser adequados à idade e seu uso deve ser feito com equilíbrio e entremeado à brincadeiras. A brincadeira é uma parte importante da constituição do sujeito, da nossa capacidade de aprender, dividir e lidar com frustrações que são tão necessárias para modular nossas emoções e pra desenvolvermos habilidades mais complexas no futuro.

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