Vinhos Merlots ganharam destaque no Brasil; confira sugestões

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Creio que, aqui na América do Sul, a uva Merlot é a segunda mais prestigiada, logo após a sua quase irmã bordalesa a Cabernet Sauvignon. A Merlot é a uva mais cultivada em Bordeaux (56%) e a terceira na França — atrás da Carignan e da Grenache. Na margem direita de Bordeaux — St. Émilion e Pomerol — ela domina amplamente, enquanto na margem oposta, ela corresponde no máximo a 25%, com maior destaque na sub-região de St-Estephe. É uma casta controversa que gerou, e ainda gera, muita discussão. Isso porque não existe consenso sobre o cultivo, tempo de maturação e ponto ideal de colheita.

Existem duas orientações distintas. Uma leva a vinhos mais fáceis de beber enquanto jovens, notadamente os do Novo Mundo, e a outra caminha para vinhos que precisam de tempo de adega para se tornarem mais agradáveis. Muito interessante são os aromas que encontramos em vinhos Merlots: frutas pretas (ameixa, jabuticaba e groselha negra), herbáceos (chá, orégano, alecrim, azeitonas e húmus) e especiarias (canela, cravo e noz-moscada). Na boca, a principal característica é a textura macia, sedosa e aveludada; com acidez e álcool equilibrados em corpo médio; e taninos redondos.

No Brasil, as varietais Merlots ganharam lugar de destaque entre nossos produtores e consumidores e, considerando tal fato louvável, sugiro ao leitor que prove alguns deles: a Miolo nos apresenta o seu “Reserva Miolo”, excelente com um bom churrasco gaúcho; já a Valduga com o “Origem – Casa Valduga Merlot” marca lugar com um vinho fresco e fácil de beber e bom com uma pasta ao sugo. Com mais complexidade e se colocando como um vinho de guarda, a Viapiana oferece seu Merlot muito bem barricado e austero. A paulista Vinícola Góes produz em Flores da Cunha (RS) o “Casa Venturini – Merlot”, a partir de castas cultivadas em Campos de Cima e que guarda uma tipicidade e potencial de guarda ímpares. A Dom Guerino nos oferece um Merlot que vem pronto para beber e harmoniza muito bem com a culinária gaúcha, especialmente a colonial, onde o galeto impera: o “Sinais Merlot”. Os vinhos nacionais têm merecido destaque nas mesas dos nossos consumidores; e isso é muito bom. Salut!

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