‘Wagner Rosário é prevaricador’, diz Omar Aziz sobre ministro da CGU

Bruce Petersons
Bruce Petersons

O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), criticou a omissão do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, no âmbito da Operação Hospedeiro, deflagrada pela CGU, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) que atingiu, entre outras pessoas, o lobista Marconny Albernaz de Faria, que depõe nesta quarta-feira, 15, à comissão. Mensagens em posse do colegiado indicam que os órgãos souberam da “arquitetura da fraude” a uma licitação do Ministério da Saúde para compra de testes de Covid-19, mas não tomaram as devidas providências.

No cumprimento da operação, o celular de Marconny Faria foi apreendido e as mais de 310 mil páginas de diálogos obtidos no aparelho telefônico, repassados pelo MPF do Pará à CPI da Covid-19. Como a Jovem Pan mostrou, o lobista aparece em mensagens trocadas em junho de 2020 que também envolvem dirigentes da Precisa Medicamentos, o ex-diretor de um órgão ligado à Anvisa José Ricardo Santana e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. O conteúdo das mensagens, que foram periciadas, também apontam a relação do depoente com pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro, entre eles, o seu filho mais novo, Jair Renan, sua ex-esposa Ana Cristina Valle e a advogada Karina Kufa, que defende o mandatário do país.

Para Omar Aziz e outros membros da CPI, o ministro da CGU se omitiu porque a Operação Hospedeiro atingiria o governo federal. “O senhor Wagner Rosário é um prevaricador. Tem que vir mesmo aqui [para depor]. Como ele sabia que Roberto Dias estava operando dentro do ministério e não tomou providência? Ele naõ tem que explicar as operações realizadas, mas a omissão em relação ao governo. Mas sem jogar para a torcida. Vai jogar no nosso campo. O Rosário, que tinha acesso a essas mensagens, é um prevaricador. A CGU esteve na casa do doutor Marconny, juntamente com policiais, levaram um farto material, mas não tomaram providências contra o Roberto Dias. Ele continuou lá, negociando vacina, pedindo propina”, disse Aziz. “Em plena pandemia, o ministro Rosário se omitiu. É omisso, não cumpre o papel dele. Está lá para um cargo político. Todos queremos saber porque ele foi omisso”, acrescentou.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), responsável pela investigação do caso Covaxin, também criticou o que chamou de “defesa intransigente” do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do contrato firmado pelo governo federal para a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante indiano. “Em rede nacional, ao vivo, ele [Rosário] faz uma defesa intransigente do Pazuello, contrariando pareceres da CGU, da AGU, assinada pelos seus técnicos. A todo momento, a AGU atuou – pelo menos quando foi acionada – contra o contrato da Covaxin, mas Rosário faz a defesa intransigente à revelia de seus técnicos. Ele tem que explicar essa hierarquia”, disse a emedebista. “É nisso que a omissão é imperdoável. Ele deixou a arquitetura funcionar. Tinha as informações desde outubro e deixou o Roberto Ferreira Dias, que só foi exonerado depois da instalação da CPI”, acrescentou o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). “A operação não foi adiante porque tinha Jair Renan e Ana Cristina”, concluiu Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.

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