PIB: Economia deve ter sido puxada pelo agro no 1T23, com revés da indústria

Bruce Petersons
Bruce Petersons

Investing.com – Ainda que uma visão negativa sobre o crescimento da economia brasileira permeasse o prognóstico dos economistas no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deve ser de expansão. Mesmo com juros em patamares elevados após o ciclo de aperto monetário, as estimativas passaram por uma série de revisões. E, com um mercado de trabalho ainda resiliente e impulso do agronegócio e setor externo, os dados devem ser positivos. A divulgação dos dados pelo IBGE está prevista para as 9h desta quinta-feira (1).

O time macro da XP Investimentos (BVMF:XPBR31) projeta um crescimento do PIB de 1,4% no 1T23, tendo o agronegócio como protagonista. Desconsiderando o agro, a alta teria sido de apenas 0,6%, estima. Após uma ligeira queda no quarto trimestre, a safra recorde de grãos explicaria grande parte do forte crescimento, com elevação do PIB da agropecuária em torno de 12% no trimestre.

“Por exemplo, a soja em grão conquistou um aumento de 25% frente à temporada anterior, tanto por ganhos de produtividade, sendo que o setor primário brasileiro mostra ganhos consistentes por duas décadas, mas também com incremento de área e condições climáticas favoráveis para plantio e colheita”, explica Rodolfo Margato, economista da XP, em entrevista ao Investing.com Brasil. A preocupação seria maior com estocagem e escoamento, pois há disponibilidade de grãos muito alta, levando a diminuição nos preços, completa Margato.

Enquanto o PIB de serviços deve ter trajetória ascendente, ainda que com perda de fôlego, o da indústria deve registrar a segunda queda consecutiva, ainda que de forma moderada. Os dados já divulgados trazem sinais bem heterogêneos entre os componentes. Do lado positivo, recuperação acentuada da indústria extrativa, de mineração, produção de petróleo, serviços de utilidade pública, como energia, água e esgoto, enquanto a indústria de transformação é destaque negativo. Algumas atividades ainda crescem, como alimentos e bebidas, mas outros setores têm tendencia fraca, incluindo bens de capital, principalmente máquinas e equipamentos. Além disso, o setor de construção civil, que teve desempenho forte no final da pandemia, aparentemente vem perdendo tração.

A expectativa da Nova Futura Investimentos é de uma alta de 1% no crescimento do trimestre, após um consumo forte, principalmente em serviços. “A Pesquisa Mensal de Serviços fechou o trimestre do negativo, mas o consumo das famílias teve performance boa, assim como o varejo. Ainda, acho que a balança comercial ajudou bastante, sendo que a safra recorde impulsionou as exportações”, detalha Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, também entrevista ao portal.

Sob uma perspectiva de demanda, o crescimento foi pautado pela força do consumo das famílias, em um momento positivo diante dos benefícios do governo e resiliência do mercado de trabalho.

Exportações do agronegócio levaram a indicadores promissores na balança comercial. Por outro lado, a decepção fica por conta dos investimentos, com piora da indústria manufatureira, ainda que com disparidade em relação à extrativa, que conquistou ganhos, concorda o economista.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, estima que o PIB brasileiro tenha apresentado uma elevação de 1,1% no primeiro trimestre, mas enxerga que, ao longo do ano, surtirão os efeitos de diminuição da atividade devido à política monetária contracionista.

Nishimura concorda que a soja vem sendo propulsora dos dados, levando a exportações mais robustas, e que o consumo das famílias continua forte. “Temos visto vários indicadores de atividade surpreendendo positivamente, com resiliência do mercado de trabalho, geração líquida de empregos formais, atividade dos serviços acima do esperado, vendas no varejo. Tudo isso reforçam o entendimento a respeito de uma atividade mais forte do que era esperado”, destacou ao Investing.com Brasil.

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